domingo, 17 de abril de 2011

Uma nova filosofia de voo livre

Estando aqui na Itália tive a oportunidade de visitar o parque dos papagaios (Parco dei Pappagalli) do Sr. Giorgio Barcarolo, é um parque exclusivo aos psitacideos.
Convidou-me a passar dois dias no parque, de maneira a poder trocar ideias sobre o voo livre com ele. Pude constatar que usa uma abordagem completamente diferente daquela que pelo menos parecia-me ser a mais adequada. Uma das grandes diferença do "meu" método para a dele, é que o "meu" é o resultado de um comportamento condicionado pela minha vontade, dando recompensas para ela voltar, e não deixando explorar/conhecer o meio, é apenas dar uma "voltinha" pelos ares, o que acaba por não ser tão natural para a ave.
Na técnica do Giorgio, ele tenta ser a "ave" que está no topo da hierarquia do bando, sendo ele a referência e o ponto seguro para todas as aves, quando uma delas se assusta volta para ele, e costuma soltar de cada vez mais de 10 aves ao mesmo tempo, e ele solta quase todas as aves sejam elas criadas à mão, como pelos pais até os que fazem parte dos casais reproductores, ele diz que todas as aves devem poder voar e desfrutar do meio ambiente, ainda mais agora que estamos na primavera, as aves vão para as árvores e algumas delas aproveitam e comem os rebentos, flores, néctar, o que houver, brincam nos ramos das árvores, entre eles em alguma perseguições em voo, brincar com ele, etc.. obviamente que agora os casais que estão em reprodução não saem.
E um comportamento curioso que pude observar, foi que quando ele se movimenta pelo parque no seu comprimento, que se afasta do local onde se encontram, elas acabam por "segui-lo"até ao novo local que escolheu, estando assim sempre em contacto próximo. Na hora de voltar para a gaiola basta esticar a mão que voam directamente para a mão, e ao recolocar nas gaiolas, as aves entram todas de bom grado. Muitas dessas aves foram abandonas, outras foram deixadas lá, porque os antigos proprietário já não sabiam como tratar das aves, ou porque faziam barulho, ou porque estavam feias por estarem depenadas etc... Ele recebeu-as e ganhou a confiança delas, tentando compreender através dos sinais dos seus comportamentos, e agora elas voam/passeiam livres, aves que nunca voaram na vida, ele consegue "convencê-las" , tal como uma cloroptera de 5 anos que ficou sempre numa gaiola de papagaio pequena, que nem conseguia abrir as asas para se esticar e que era agressiva, agora ela já começa a voar, pois não conseguia abrir as asas devido aos calos ósseos que se formaram, e não apresenta problemas comportamentais/plumagem etc...

O Sr. Giorgio deu-me a oportunidade de aprender a técnica dele, e nos dois dias, consegui ganhar a confiança de algumas das aves presentes, uma delas que não tenho foto aqui, pois esqueci-me foi de uma Amazona aestiva, que rapidamente se fez entender através do seu comportamento. E começamos a comunicar, sinal que me "aceitou" no seu bando, deixando-me manipulá-la.
Fora as espécies que estão em fotos, a fazer voo livre estão uma Cacatua galerita triton, uma Cacatua sulphurea citrinocristata, Eclectus roratus vosmaeri, Trichoglossus haematodus, Eos reticulata,  E há muito mais espécies, mas que agora não saem pois começaram a época de criação.

A arara jacinta Rhá (Anadorynchus hyacinthinus) que é a verdadeira mascote do Giorgio.


Marianinha de cabeça amarela (Pionites leucocephala xanthomeria)
 Lorius garrulus garrulus
































Ara choropterus (que esteve 5 anos em gaiola minuscula)
































Ara ararauna

E na colecção do parque podemos ver a Ara ambigua mutação, segundo dizem é mutação canela, mas não sei até que ponto não poderia ser uma pálida, até já ouvi referir que fosse uma fallow, se bem que não em recordo como são os seus olhos, por isso não sei dizer ao certo.